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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Pequenos milagres!


Acredito em milagres , acredito !
Creio que podem ser coisas assombrosas como um homem que anda sobre as águas , transforma água em vinho , cura doenças .
Mas tb creio nos pequenos , nos que quase não se nota ... mas que existem !
Há o milagre da ciência , o milagre da entrega , há milagres ... é só querer achar !
Acredito nos sonhos e em suas mensagens ! Acredito !
Acredito ...
Lembro-me bem de que , qud eu era bem pequena , na altura e na idade , eu colecionava passarinhos . Não destes que a gente compra em loja e guarda na gaiola . Pode ser coisa do meu ascendente em Sagitário , ou coisa do meu pai(tb um sagitário ...) , mas gaiolas ? nunca as quis ! Acho-as muito tristess ! Acho-as belas sob uma condição: vazias , com as portinholas abertas .
Os passarinhso que eu colecionava eram outros .
Eram os caídos ... os que eu escutava ,ao longe , piar !
Descia as escadas como um rojão , atendia prontamente aos seus chamados . Vasculhava a garagem , o quintal ... as vezes com a mãe chamando pra escola ... nem te ligo ... Eu corria e achava , sempre tinha um (as evzes dois) danadinho .
Pegava o pobre , assustado , aninhava em minhas mãozinhas e levava pra meu quarto , quase que escondida .
Lá , uma casinha de papelão o aguardava . Casinha mesmo , com telhado , janela e tudo . Mas era de papelão . Era a casa de passarinhos . Eu os resgatava , alimentava , dava cafuné na cabecinha , arroz esmagadinho em bolinhas ... Tinha o copinho ,com a água pros meus passarinhos . Ficavam na minha cabeceira .
Após o dever , era hora de treinar o bichinho : ginástica pras asinhas ficarem fortes e ele poder voar . Punha-o sobre o meu dedo e fazia movimentos leves , pra cima e pra baixo , obrigando-o a bater a asinhas pra se equilibrar , mas sutil o suficiente para que não caísse antes de estar pronto. Pronto pra voar e me deixar !
De tardezinha , os levava ao quintal e achava graça quando os outros passarinhos vinham "visitar", mas não conseguiam carregá-los junto .
E assim eu passava alguns dias . Mas era triste ! Triste , pois eles sempre morriam .
Sempre !
Eu achava que tinha dado comida demais , ou de menos . Exagerei no carinho ?? Ele morreu de saudade ??
E alguém me contou , um dia destes em que eu chorava a morte de um deles , que , na verdade , eles já estavam doentinhos . Que a mamãe passarinha sente isso e os empurra pra fora do ninho , pois sabe que teriam poucas chances de sobreviver . Puro instinto !
Eu vi que eu não tinha culpa , parei de chorar mas não abandonei minha missão . Se não fosse eu , quem mais cuidaria dos pobres pássaros abandonados ? E suas penugens macias!
Até que numa tarde de quinta-feira ouvi , mais uma vez , o chamado . Corri , desta vez com um pouco mais de calma , até o encontro do sabiá . E lá estava ele , bocona aberta como todos os outros ... andava aos pulinhos . Patinha machucada da queda ... Lembrei que minha mãe contava que não havia gesso e , na época dela , enfaixavam o membro machucado , melecavam em clara de ovo , e a faixa endurecia . Assim foi :fiz uma talinha na perninha do bichinho . Me senti muito importante , eu era a doutora !
Amanheci e lá estava ele piando ao meu lado ! Cafuné , comidinha , água (pausa pro colégio)... banho de sol , encontro cos os parentes , casinha de papelão .
Sábado chegara ... Era hj o dia que eu sabia que ele iria partir . Dois dias em terra , e eles partiam . mas eu já sabia : culpa da doença . Afago,comida,água,sol,casa.
Amanheci.Domingo. Ouvi seu pio . Ele ainda estava vivo .
Patinha boa , treino , treino , treino pras asinhas , banho de sol ....
Chegou segunda , logo após terça .
E então aconteceu . Numa terça comum , antes de ir ao colégio , sai com menino Sabiá pra um banho de sol ele tomar ( que este fique claro : nunca fui dada a banhos de sol rs). E , de repente , uma profusão de pássaros o cercou , como sempre acontecia . Eu me divertia tentando advinhar quem era mãe,pai,amigo,vizinho ... Uma gritaria que só .
De repente , voaram ...e Sabiá não se sabia mais lá !
Partira !
Voara!
Milagre ...
um destes pequenos ! mas , por ter sido testemunha , nunca mais esqueci .
Mamãe , ele voou ! Vc acredita ?
ela acreditou !

5 comentários:

Gammelo disse...

fantastico...
lindo relato...
Voce sempre colocando uma gota exata de sentimento. parabens.
Renata, outro assunto, sugeri que vc fizesse o desafio literario, entre no meu blog q vc ve como é.

Jeremias disse...

É o primeiro post seu que li.
Simplicidade profunda, que nos faz lembrar a nostalgia da infância, e que realmente não importa a grandeza de algum acontecimento, mas sim a importância que ele representa pra nós, e também que nos faz de alguma forma acreditar em nossas verdades.
Serei obrigado a ter o atrevimento de ler os outros textos seus.

Ricardo Batista disse...

Que bonito!!! Quase chorei... rs. Achei de uma sensibilidade gritante, o seu texto. Foi uma belíssima surpresa para mim... Beijos e sucesso sempre!!!

Tiago Schramm disse...

Vou ler você para sempre

Anônimo disse...

Lindo relato, poético, original. Leve, parece um sonho, deve ser como andar sobre as nuvens... Me identifiquei demais, também abomino gaiolas, muito triste ver um pássaro preso. Parabéns, bela. Virei fã.