Ainda menina deitava-se sobre o tapete e sua predominância verde. Lembra-se dos estrangeiros que foram vender o tapete , belo tapete , aos seus pais. Diante da imensa estante de madeira escura, senta-se e com uma mão a mexer nos seus cachinhos , pensa qual disco (sim , disco) irá tocar.
O dia abre-se em belo azul e amarelo sol.
Mas lá , na sua grande sala , moram coisas melhores . Deitava-se sobre o tapete e assim eram suas tardes verdes , enquanto lá fora azul e amarelo .
Havia as preferidas canções e pra cada uma uma dancinha.
Hoje era dia de "Vou de táxi"... nunca havia andado em um , tentava imaginar se o cheiro seria igual ao do carro de seus pais . Como seria a sensação ? Pra ela o táxi nada mais era que um banco móvel que caminhava pela cidade escolhendo pessoas pra dar carona . Mal imaginava que ele era pago ...na cabecinha com cachos , era uma mera gentileza que a vida oferecia . "A vida deve ser mesmo boa quando você está tão radiante,tão acesa , que todos os táxis querem te dar carona" - pensara numa tarde não tão azul .
Nesta tarde meio cinza , colou a cabecinha no vidro , enquanto ouvia a mesma canção a rodar na vitrola e , enquanto fitava seu cão que , entediado com o cinza , bufava num canto , pensou : "O amor deve vir dentro de um táxi".
E assim ficou este pensamento... ela a esperar pelo táxi que fosse lhe oferecer a carona e junto o amor da vida.
Não , não seria o motorista . Aliás , o táxi tinha motorista ? Não era um serviço automático e inteligente que se auto controlava ?
Pra ela o amor seria assim : um táxi , um verde táxi ...sem motorista , vagando pela cidade a busca de quem estivesse feliz e radiante em busca apenas de uma carona .
A porta se abriria , e ...
Suspirou ... Perdeu-se na água que corria pela parede de fora e ouviu "Oceano" ...
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Vou de táxi ...
Postado por Renata Ricci às 01:22
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2 comentários:
Gosto muito de um poema de Henry W. Longfellow; minha parte favorita dele, as suas primeiras palavras.
"All are architects of Fate."
Lendo as tuas lembranças nesse conto, me lembrei dessas palavras, tão fortes e resolutas como lógica de criança... acho melhor pensar em Destino como algo mutável, na nossa mão, em cada pequena coisa do dia a dia... todos fazemos o caminho de todos.
Em cada esquina, em cada corredor, cada porta e janela que se abre, existe um 'táxi' da felicidade pra todos nós, acho. Que muitos apareçam ainda, e que tu reconheças sempre quando vierem.
Beautifully done... offer still stands if you want to talk. Congrats again!
Como disse no comentário do outro poema, palavras de elogio só desmerecem a grandiosidade de seu talento. Suas palavras caminham deliciosas e só a admiração por elas pode projetar na alma um sentimento e um palpitar que a enobrece, e eleva os sentidos a um estágio inebriante, esse sim, fica sendo meu elogio, a certeza que mecheu com meu espírito de poeta. Abraço.
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